Drª. Maria Aparecida Ferreira de Mello, Consultora em Inovação, Inclusão, Longevidade e Tecnologia
Professora Afiliada da Disciplina de Geriatria e Gerontologia da EPM-UNIFESP; Membro do GT de Longevidade e de Reabilitação da UNIFESP
Assistente de Inovação ReabNet - UFU/RNP www.linkedin.com/in/mariademello instagram.com/dra.mariademello.to
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A cobertura universal de saúde é o pilar necessário para atingir o terceiro Objetivo de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, focado em saúde e bem-estar.
Se não levarmos em consideração as necessidades de atenção à saúde e assistência social da população crescente de pessoas idosas, não será possível atingir esse objetivo.
Atualmente, os sistemas de saúde possuem uma estrutura que lhes permite responder melhor às necessidades agudas de saúde do que às crônicas mais complexas, que muitas vezes aparecem com o avançar da idade.
Em resposta à necessidade de padronizar uma visão holística que caracterize as diferentes trajetórias de saúde ao longo do curso da vida, a Organização Mundial de Saúde (OMS) propôs em 2015 o conceito de Capacidade Intrínseca, definido como o composto de todas as capacidades físicas e mentais que um indivíduo pode recorrer durante sua vida.
Dessa forma, houve uma evolução da classificação das comorbidades: hoje o foco da saúde está no controle dos 5 domínios da Capacidade Intrínseca, ao longo do curso da vida.
Trata-se de um indicador multidimensional de saúde que engloba as capacidades físicas e mentais essenciais para que as pessoas façam aquilo que gostam, independentemente da idade cronológica.
Essa abordagem modifica os estereótipos negativos ligados à idade avançada, ao enfatizar os atributos positivos de saúde e a reserva fisiológica que os indivíduos podem desenvolver e manter ao longo da vida.
Na prática, a Capacidade Intrínseca foi operacionalizada em cinco domínios de saúde: cognitivo, psicológico, sensorial, locomotor e vitalidade, que, avaliados em conjunto e ao longo do tempo, oferecem os parâmetros de função necessários para entender diferentes trajetórias de envelhecimento.
O objetivo da OMS, em conjunto com a Assembleia Geral das Nações Unidas, é disseminar uma abordagem que valoriza o estado de saúde integral – centrado nas pessoas – durante a Década do Envelhecimento Saudável (2021–2030).
É fundamental desenvolver e aplicar abordagens de atenção primária, integradas e coordenadas para prevenir, atrasar ou reverter qualquer deterioração na Capacidade Intrínseca e, quando isso não for possível, ajudar as pessoas idosas com mecanismos adequados para compensar essa perda, para manter ou melhorar a habilidade funcional.
O que é chave hoje para a promoção da longevidade, é acompanhar, desde o mais cedo possível, a evolução dos cinco domínios da CI (cognitivo, psicológico, sensorial, locomotor e vitalidade).
Outro aspecto relevante e ainda desconhecido, é compreender o impacto de diferentes trajetórias de capacidade intrínseca em desfechos clínicos, como qualidade de vida, hospitalização e morte.
O grande desafio é implementar a Capacidade Intrínseca na prática clínica. Esse processo exige mais pesquisas sobre o constructo em diferentes populações.
Os achados desses estudos oferecerão maior segurança para reorganização dos serviços de saúde em direção a um cuidado integral e centrado nas reais necessidades dos pacientes.
Futuras intervenções também poderão ser testadas, com o objetivo de melhorar a Capacidade Intrínseca e, portanto, a saúde global das pessoas, promovendo o envelhecimento saudável.
O teste da TechBalance é sensacional para acompanhar o domínio "locomotor"/mobilidade. A solução apresentada pela TechBalance é muito simples de aplicar, embora tenha sido desenvolvida a partir dos testes consagrados de equilíbrio e preditores de queda, que até então somente especialistas eram habilitados a realizar.
A gestão dos dados populacionais que essa solução traz pode ajudar as cidades/operadoras de saúde a planejar melhor suas estratégias de prevenção de quedas nos espaços urbanos e de transporte, além de facilitar a implementação de programas de saúde/reabilitação, para as pessoas que apresentem riscos.
Na atenção primária, os Agentes Comunitários de Saúde mostram-se extremamente potentes para o objetivo de identificação de usuários com demanda para ações de promoção e prevenção neste âmbito, bem como pessoas idosas já com histórico de quedas.
O uso da solução da TechBalance permite digitalizar grande parte dos procedimentos já realizados pelos AGS já em alguns municípios brasileiros e em grande parte da avaliação individual para Prevenção de Quedas, de forma segura e confiável.
Além da possibilidade de digitalização do processo de identificação de riscos, é possível avaliar o custo-eficácia das intervenções implementadas, como por exemplo, exercícios de fortalecimento muscular, treino/estimulação de equilíbrio, dança, educação popular em saúde, entre outros.
Creio que o aplicativo da TechBalance oferece uma solução de acompanhamento longitudinal do domínio locomotor desde os zero anos de idade. Imagina a relevância disso!!!
O cenário atual é desafiador e demanda que sejam encontrados modelos práticos e padronizados para medir tanto o envelhecimento normal quanto aquele acompanhado de doenças e incapacidade funcional (desde o mais cedo possível e não apenas depois que já se envelheceu).
Esses parâmetros são fundamentais para o planejamento futuro de ações estratégicas e intervenções para fortalecer e dar sustentabilidade ao sistema de cuidado integral e continuado ao idoso.
É necessário produzir dados que instruam o planejamento do futuro de nosso sistema de saúde, sobretudo na assistência primária, que terá que enfrentar o “bolus” populacional de idosos acima de 80 anos nas próximas décadas, com diferentes contextos sociais e de saúde.
Creio que atualmente esse pode se tornar o nosso mais forte argumento de venda para as carteiras de clientes ou SUS... Ninguém tem uma solução barata, rápida e com altíssimo grau de confiabilidade como o nosso, no mundo!
Para entender mais o conceito de capacidade intrínseca e relevância desse conceito na saúde no mundo inteiro, acesse: https://iris.paho.org/handle/10665.2/53357
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